domingo, 29 de maio de 2011

Teu corpo e o lençol (Erótica)

Coberta em lençol, ainda transpiraste,
Ofegante em delírios, pálida e nua.
Tão bela, o grandioso clarão da lua
Pela janela ao seu corpo caminhaste.

A tua palidez, banhada em esmalte,
Fundi-se ao branco do lençol na pele sua
Pulsante seio às vezes parece que flutua.
Neste lençol branco onde deitaste.

O luar que pela janela, fraco caminha
Tão leve assombrosa e pálida joaninha
Pousando na cama, onde nua... Dormia.

Esses lábios rosados, às vezes sorrindo
Dos delírios as pálpebras vão abrindo
E tua voz na noite assemelha...  Melodia.




Soneto de Amor


Infinitas constelações de sonhos lastimosos,
Em vôos de uma aurora de pétalas flamejantes
De finas e fracas asas, em infinitos vacilantes
Num seio, que em meus lábios caem chorosos.

Em rubros coros, tão puros, tão gloriosos...
Vagando plangentes em imagens de dois amantes
Que embalsamados na eternidade, cintilantes
Vidas, que pálidos como o luar, vaga harmoniosos.

É um poema que num vôo de uma fraca bruma
Dança levemente em enfermidades e encantos
Ou agitados bailando numa furiosa espuma.

Assim, como infinitos, para ti são os prantos.
Pétalas que voam na eternidade, uma a uma...
Encharcam o medo, tornando-os encantos. 



Teu seio mimoso (Erótica)


Sedosos, d’um cetim pálido e quente
De um perfume claro como alvorada
Teu seio, tão veludoso, tão ardente
É meu leito, minha tímida namorada.

Tão fascinante, beijo-os docemente,
Minha musa, minha pálida amada...
Neste poema tão pouco eloqüente
Adormeço na tua boca lívida e calada.

De uma palidez, com toques rosados
Junto aos meus lábios, desmaiados.
Num gozo sobre minhas mãos fracas.

Teus lábios, de gozo vão desunindo.
Num ai! Tão saciada e fraca caindo,
Nos meus beijos vagam saciadas.


Quimera


Como uma pétala, borboleteando no outono
Febril adejando pelo sedoso e triste jardim.
Num leito, os seios dançam, em doce sono.
Arfando a doçura do venenoso jasmim.

Vagas claridades, que em teu corpo é dono.
Um leito de rosas que desejo para mim,
E essas pétalas, sem rumo, passam o outono
Ofegantes de luminosidade desejando o fim.

Dançantes na bruma, arfando fracas a cair
Tão singelas, como uma lagrima a sucumbir...
E em teu corpo, um leito para vagar sonhando.

Esta rubra brisa, de luminosidade e clarão,
São bailes, que num horizonte torna-se o salão...
Para que na eternidade seguem dançando.

Beijos


Tão doces e tão silenciosos são estes beijos
É a espuma de um mar na minha pele fria,
Tão fria espuma e na minha pele toca teus seios
Beirando o gozo, neste meu lábio que sorria.

Como a espuma de um gozo que me são alheios
Afogo-me nesta profundidade que se erguia.
Num perfumado hálito, venenosos anseios.
Volta ao mar, como uma onde que fraca fugia.

Meu corpo morto em gozo, num bafo ofegante
Flutua na nuvem que neste mar segue navegando
E de rubro, mancha este lençol feito corante.

São como dores estes beijos que seguem voando
Num mar profundo, venenosos por um instante.
Tão doces abraços que seguem-me clareando.